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Mac in Touch #14 - O sucesso às fatias (II)


Mais uma quarta-feira, mais um Mac in Touch. Muitos de vocês ainda estarão ressacados das incidências e discussão após o clássico do último Domingo e da RAW da segunda-feira passada (que ainda não vi)... ou simplesmente esgotados do período de exames. A todos vós (incluindo ressacados, porque quando as expectativas estão altas para um show...), a minha mais que sincera solidariedade e compaixão!...

Esta semana, dou continuidade à "saga" do sucesso às fatias, na incessante e "corajosa" procura do "bolo" perfeito. Isto é, esta semana apresento-vos mais um dos factores que considero importantes para que haja um bom combate de wrestling, na circunstância, esse conceito tão vasto, complicado e comprido como é a Psicologia de Ringue.

Espero manter a barra alta, já que o feedback que recolhi foi unanimemente positivo no que toca à primeira parte desta sucessão de artigos, embora tenha havido pouca gente a comentar. Por isso, quero ver mais comentários e, repito o que disse no primeiro artigo, as vossas sugestões do que um combate deve ter para que se torne num candidato a melhor do ano.

Este segundo artigo da série "O sucesso às fatias" vai discutir só um factor, mas, como referi, este merece essa "importância". Nos próximos artigos poderei apresentar mais factores que possam ter menos peso no que a um MOTYc diz respeito. 
 
O sucesso às fatias (parte II)

Fatia 2- Psicologia de ringue/Reacção do público

Alguns fãs atentos e/ou que já viram e leram de tudo sobre esta indústria saberão que as discussões sobre o que é ou como se encontra psicologia de ringue levam a prolongadas discussões pela vastidão do conceito e até pela (permitam-me a ousadia) inadequação dada ao termo que a definição, segundo a maior parte dos entrevistadores e entrevistados sobre o assunto (falo de “ring-generals” como Triple H, Ric Flair, Jake Roberts, Pat Patterson…), tem: a capacidade de fazer o combate apelativo para quem o vê, de sugar as pessoas ao redor para o que se passa entre-cordas, seja pela antecipação das manobras, sejam com o “selling” das mesmas, seja com as expressões faciais usadas ou a linguagem corporal… isto é, a interacção “indirecta” com o público, embora a abrangência do termo possa “abraçar” a tal interacção directa… e mais barata (por exemplo, quando Rey Mysterio faz aquele grito a anunciar o 619 ou quando Big Show pede ao público para se calar antes de uma chapada no peito do adversário).  


Um bom “ring-general” fará o público delirar com a antecipação da manobra, guiará o combate para que essa seja aplicada logicamente, numa prespectiva de crescendo… nem que ela seja um simples headlock, ou simples murros. Tem de haver conciliação com a história que se pretende contar, tem de se ir criando “premissas” para esse “argumento”. O lutador que domina o público é aquele que lhes faz a “papinha” toda e dá um fio condutor a todo o combate, não os obrigando a estar a pensar em mais nada do que se passou antes no combate (porque estará implícito) do que a manobra que está prestes a executar. 

A psicologia de ringue é a prova de que o wrestling é muito mais complexo e mais difícil de compreender e de dominar com mestria do que muita gente, sem experiência no ramo gosta de fazer crer. Reparem que gastei um parágrafo inteiro a falar de meros segundos de combates que duram muito mais que isso. Imaginem isto multiplicado por 10000 e aplicado a um ringue, a esforço físico extenuante e a preocupação com adversário! É esta a beleza do wrestling: a complexidade na (boa) execução e a simplicidade em que esta se transforma aos olhos leigos (como os meus) de quem nunca praticou perante 5 ou 30 mil pessoas.


A história, a maior parte das vezes, ajuda a “sugar” o público, a sacar-lhe reações. Um grande combate começa muito antes da campainha soar, tem de haver um motivo para aqueles dois lutadores estarem no ringue, e isso já nos chama atenção para o que se vai passar lá dentro e, com isso, criar expectativas, um entusiasmo extra para com o desenrolar dos acontecimentos.

Não terá sido por acaso que Punk e Cena no Money in the Bank de 2011 receberam 5 estrelas de Dave Meltzer, um conhecido e famoso jornalista do nosso meio. A reação do público de Chicago era ensurdecedora, algo estrondoso para o que se passava no ringue, criando-se um ambiente hostil contra o seu adversário. E assim foi durante o combate. Ou seja, a história das personagens e a caracterização das mesmas trouxe ao combate uma aura de entusiasmo impressionante que fez ter o público ligado ao combate durante o mesmo. O mesmo acontece, com frequência, em Wrestlemanias, com os build-ups dados a todos os combates… mas foi diferente neste caso, que, não obstante, também é válido como exemplo de reação do público e de como a história faz, muitas vezes, a chamada “psicologia de ringue”.

Fatia 2.1 (uma espécie de resumo)- Ajuda à Psicologia do ringue/ Reacção do público


- Personagens bem construídas e com fácil identificação por parte público (familiaridade da audiência com os lutadores);
- História que antecipa o combate em si e as “stakes” envolvidas no mesmo;
- Os dois primeiros aspetos somados, e o buzz criado à volta do combate;
- A capacidade de um lutador fazer-se valer do seu personagem para conseguir dar “heat” ao seu adversário. Isto acontece maioritariamente quando , temos um “ring-general” heel que consegue elevar o seu adversário e fazê-lo parecer um herói;
- O fio condutor do combate e a lógica da execução de cada manobra, cada “venda” à mesma e as expressões faciais e corporais que fazem passar o drama do combate para o público;
- A capacidade de fazer o público delirar com a antecipação, a excitação da eminência (lembro-me agora dos “bate-pé” de Shawn Michaels antes do Sweet Chin Music), não só com finishers ou signatures, mas também com moves mais banais.
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